quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

0 Minissérie do MC: O fim da triste divisão.

Oi, minhas amoras! Eu resolvi criar uma minissérie virtual com jeitinho de livro pra vocês aproveitarem. Clique em Mais Informações e descubra o universo e a divisão da Nathalie Prescott no primeiro capítulo.

Eu estava particularmente linda naquela manhã com cheiro de lavanda. Que clichê. Será que ele não tinha nada pior pra me falar naquele sábado? Tinha. Ele sempre tinha. E foi enquanto eu segurava na minha cabeça o meu descontentamento com o que ele disse que ele encostou de leve a mão na minha bochecha.

-Calma. –disse ele, enquanto acariciava aquela bochecha com uma estranha intimidade – Eu não falei pra te ofender, pequena.

Ah, e aquela mania de me chamar de pequena é que me dava mesmo nos nervos. Mais tarde, naquele mesmo dia, a Julie me irritou muito. Mesmo. Mas não imaginei que ela tivesse visto aquela cena.

-Eita, Nathalie. –disse ela numa risada apropriadamente maléfica- Vai com calma com o rapaz.

Eu tentei explicar a Julie que ele foi o atrevido e teve sorte de eu não ter metido o pé naquela fuça, mas ela nunca entenderá. É inútil falar com a Julie. E é por isso que eu gosto tanto dela. Com ela, não é necessário fingir, muito menos dialogar. Julie é como a música. É livre, solta e ingênua. É como falar com as paredes. No bom sentido, claro. Decidi parar de pensar tanto e aproveitar o último dia naquele Resort. No domingo, iríamos embora. Mas o domingo não foi tão ruim como eu pensei. Ao invés de ter clima de véspera de segunda, teve clima de sexta-feira à noite. Antes, eu, fechada para as possibilidades não gostaria nada daquele domingo. Mas algo me tinha feito mudar. Só espero que não tenha sido o Leonard. Eca. Olhos negros, pele branquinha, sardas no rosto, cabelo desajeitado teimando cair no olho. Só eu que não acho esse cara um gato? Sou só eu, sim. Anormal da minha parte. Como sempre. Sempre. Sempre considerada a anormal. Acho que aquele domingo estrangeiro pra mim foi normal pros outros. Completamente. Bom, digamos que aquele domingo foi bem “romântico”. Leonard. Leonard. Tinha que ser ele o cara a me falar tantas coisas bonitas? Julie acha que sim. Mas Julie não conta. O importante tinha sido a minha perplexidade depois de ouvir tanto. Na verdade, o que estragou foi o beijo no final. Seguido pelo tapa. Clichê mais uma vez. Isso é ou não é a minha cara? É. Pode ser. Nada é impossível para Nathalie Prescott. Bom, a partir do tapa, as coisas se tornaram anormais (que surpresa, Nathalie!). E eu olhei pra ele com aquela expressão “foi o reflexo” e ele com aquela ilegível. Depois, bem, depois eu comecei a chorar. E, pra minha surpresa tudo que ele fez foi me dar aquele ombro pra eu chorar. Eu chorava enquanto ele cantava “Encosta a tua cabecinha no meu ombro e chora… E conte essas suas mágoas todas para mim… Quem chora no meu ombro eu juro que não vai embora… Porque gosta de mim.”. É o consolo mais original que eu já ouvi. Depois aconteceu algo bem pior. Depois que parei de chorar tanto, apenas demos as mãos e fomos embora, em silêncio. Até minha cabeça estava em silêncio. Foi um momento puro e bonito para mim. O tipo de momento que tem um esplendor inesquecível na minha mente. No resto daquele dia, eu tentei desviar o meu pensamento do Leonard. Tentei me distrair com mimos como um café Starbucks. Na verdade, adiantou um pouco. Aquele café me fez lembrar de como eu conheci a Julie. Mas a Julie me lembra o Leonard. Pera lá! Isso não faz sentido algum. Eu me sinto uma Alice no país das maravilhas. Poxa, eu tô num lugar onde tudo é maluco. Preciso pensar no que vou fazer agora. Eu preciso decidir nesse instante o que fazer quanto a Leonard. Mas eu não estou com cabeça pra isso. Não. Eu vou dançar. Dançar conforme a música. Quando fui dormir, acabei pensando em tudo que tentei não pensar durante o dia. Eu quase não dormi, chorando. Mas dessa vez sem um ombro pra me apoiar.

Na segunda, Julie me surpreendeu. Ela apareceu com um piercing no nariz. Uau. Ela foi recebida normalmente, talvez só eu tenha reparado. Ou talvez as outras pessoas não liguem porque acham natural de mais. Mas, gente, essa é a Julie! É a santa Julie! Isso não é natural de acontecer com ela. Bah! Eu cansei de tentar educar aquele pessoal. É inútil. Não são como bons alunos da segunda série, que querem aprender. Não. São um bando de ignorantes. Prefiro pensar que não repararam. Eu perguntei a Julie que diabos deu nela. Mas ela me respondeu com uma frase famosa: “Boas garotas choram até se tornarem más”. Ela lançou para mim um olhar de nojo depois de responder e desviou de mim assim como meus pensamentos tentaram se desviar do Leonard. O que é que deu nessa maldita garota? Ela nunca me lançou um olhar de nojo antes. Ela mesma vive dizendo que isso é coisa de patricinha. Não deu para evitar o inevitável. Enquanto ela se esquivava como um peixinho dourado desviando de uma pedra, eu a puxei rapidamente pelos ombros. Eu perguntei pra todo mundo ouvir (que bacana, Nathalie) o que deu nela. E ela disse, também pra todo mundo ouvir:

-Me larga! Eu tenho nojo de você, criatura – depois cochichou maliciosamente (como ela adora fazer) – Amiguinha, eu já não te expliquei a minha sina?

A sina dela. Uma boa garota que chorou até se tornar má. Essas são as dicas, Nathalie. Se vire. Eu percebi que naquele dia Leonard não tinha ido pra escola. Mais uma vez, estou sem um ombro amigo.

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